No mundo todo há quatro tipos como eu. A sério. Procurem na internet quem são os quatro jogadores de poker mais bem sucedidos e vai estar lá o meu nome. De todos eu sou o que tenho mais sorte mas não sou o melhor. Eles leem mentes através de comportamentos reflexos dos outros jogadores e calculam probabilidades de determinada carta sair em determinada altura. A mim simplesmente saem as cartas certas na altura certa.
Os alcoólicos procuram no final de cada copo uma família, o amor perdido, o dinheiro necessário para endireitar o negócio da família. Como no final do copo há nada, só secura e abandono, reforça-se a dose à espera que no final do próximo apareça por magia o final da dor.
Estou ainda para conhecer um bêbedo que beba porque gosta de beber.
O mesmo acontece com o jogo. A um não viciado pode parecer que nos estamos a divertir. Não estamos. Estamos à espera que as coisas comecem a correr mal. Estamos à espera de perder vinte milhões de dólares numa só mão e reencontrar nesse final da sorte ao jogo o início da sorte no resto. A tal família, o tal amor, em alguns a saúde. Dinheiro, felizmente, é preocupação que já não temos.
Quando a minha mãe se apercebeu que eu transportava o gene do pai dela, que nem conheci, benzeu-se três vezes. Contou-me que os homens da família tinham todos essa boa fortuna de fazer fortuna sem esforço. Ela estava convencida que até príncipes tínhamos na nossa genealogia mas eu ignorei até chegar ao secundário e ganhar sempre à sueca.
Nas noites familiares ao Dominó.
Na faculdade apostas desportivas.
Qualquer coisa que envolva aleatoriedade eu transformo em dinheiro.
Pelos vistos o gene não se transmite a mulheres. Elas ao invés têm sorte ao amor, razão pela qual a minha mãe casou cedo, foi feliz e teve filhos cedo mas foi sempre pobre. O meu pai, das melhores pessoas que este planeta já aqueceu, morreu cedo traído pelo seu próprio gene defeituoso herdado sabe-se lá de onde.
Às vezes calham-me umas tantas mãos seguidas em que perco e penso que acabou, ganhei dinheiro que baste para três vidas de cem anos, chegou a hora de partilhar a minha pérola, que nasceu aqui um dia mas que eu por estar só, tão só, não sei a quem deixar.
Ocorre-me que a sorte me tenha abandonado naquelas ocasiões seguidas em que as mãos não prestam e as cartas não são favoráveis. Mas lá ela volta, pacientemente esteve à espera que eu acreditasse na sua partida para depois me surpreender e dizer de novo um olá que me sabe azedo.
Aceito o que ela me dá, até me deixar vai ser sempre assim, não sei como lhe fugir. Ela sorri e eu vou a jogo.
Os alcoólicos procuram no final de cada copo uma família, o amor perdido, o dinheiro necessário para endireitar o negócio da família. Como no final do copo há nada, só secura e abandono, reforça-se a dose à espera que no final do próximo apareça por magia o final da dor.
Estou ainda para conhecer um bêbedo que beba porque gosta de beber.
O mesmo acontece com o jogo. A um não viciado pode parecer que nos estamos a divertir. Não estamos. Estamos à espera que as coisas comecem a correr mal. Estamos à espera de perder vinte milhões de dólares numa só mão e reencontrar nesse final da sorte ao jogo o início da sorte no resto. A tal família, o tal amor, em alguns a saúde. Dinheiro, felizmente, é preocupação que já não temos.
Quando a minha mãe se apercebeu que eu transportava o gene do pai dela, que nem conheci, benzeu-se três vezes. Contou-me que os homens da família tinham todos essa boa fortuna de fazer fortuna sem esforço. Ela estava convencida que até príncipes tínhamos na nossa genealogia mas eu ignorei até chegar ao secundário e ganhar sempre à sueca.
Nas noites familiares ao Dominó.
Na faculdade apostas desportivas.
Qualquer coisa que envolva aleatoriedade eu transformo em dinheiro.
Pelos vistos o gene não se transmite a mulheres. Elas ao invés têm sorte ao amor, razão pela qual a minha mãe casou cedo, foi feliz e teve filhos cedo mas foi sempre pobre. O meu pai, das melhores pessoas que este planeta já aqueceu, morreu cedo traído pelo seu próprio gene defeituoso herdado sabe-se lá de onde.
Às vezes calham-me umas tantas mãos seguidas em que perco e penso que acabou, ganhei dinheiro que baste para três vidas de cem anos, chegou a hora de partilhar a minha pérola, que nasceu aqui um dia mas que eu por estar só, tão só, não sei a quem deixar.
Ocorre-me que a sorte me tenha abandonado naquelas ocasiões seguidas em que as mãos não prestam e as cartas não são favoráveis. Mas lá ela volta, pacientemente esteve à espera que eu acreditasse na sua partida para depois me surpreender e dizer de novo um olá que me sabe azedo.
Aceito o que ela me dá, até me deixar vai ser sempre assim, não sei como lhe fugir. Ela sorri e eu vou a jogo.
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