1 de maio de 2011

E é amá-la assim professora

Tive uma professora que me proibiu de começar textos com "e". E agora, mais ou menos adulto, independente, acostumado redactor de cartas para amores, vivo condicionado como se tivesse uma fobia causada pela correcção dessa senhora que certa vez, já reformada, me reconheceu
-Olha o menino dos mas
coitada.
Já senil confundiu-me, eu que tanto tentava ser copulativo, pelo amador do adversativo da segunda fila.
Eramos leves e nessa altura era mais fácil abrir corações e entrar. Tinhamos a carne mais tenra e quando íamos passear de comboio não estavamos fechados em túneis. Agora até de Metro somos obrigados a tolerar aquele tracejado descontínuo das luzes fluorescentes dos túneis. Não tenho medo dos "e" porque todos os dias sonho em dizer eu e tu substituindo os eu e tu com os nossos nomes.
Gostava de ainda poder arreliar essa minha professora (que nem de português era) mostrando-lhe que com uma carta começada com um orgulhoso "e" consegui convidar a Teresinha da primeira fila e que em todas as cartas fugi dos "mas" pois não me pareceu necessário erguer logo assim de início uma barreira no raciocínio.
Agora já nem lhe chamo Teresinha, professora, veja lá. A beijos tantos ela foi Tété, amor, querida, Teresinha e agora Teresa.
Ainda bem que morreu sabe? Não viveu tempo suficiente para ver estes meus abusos nem para descobrir que os Homens da sua amada ciência iam descobrir forma de encobrir os comboios.