16 de junho de 2013

O que aprendi

Eu. Filho único. Balança. Aprendi até agora:

-Os velhotes têm sempre razão. Não há nada que os meus pais, avós ou amigos mais velhos me tenham dito que não seja certo. Ilusão, desilusão, alegrias e tristezas. Eles estiveram lá, fizeram isso e os relatos de como foi bom e mau são verídicos.

-Ainda assim temos de lá ir, fazer aquilo e sofrer como eles. Passar a palavra aos nossos mais novos.

-As pessoas são substituíveis no sentido em que a falta que nos fazem é colmatada pelo que outra de seguida nos traz. A saudade chega a tempos mais espaçados entre si até ser um evento anual.

-Ainda assim a forma como aquela me tocava na mão e a outra dizia os Rs não existem em mais ninguém no planeta inteiro.

-Pouca gente merece o nosso melhor mas isso não deve evitar que o mostremos a todos. Não há que emburrecer o nosso discurso para caber na média. Que a fasquia se eleve connosco.

-A qualidade média das pessoas é bastante baixa.

-A natureza é bela como o são aqueles poemas que não se mudam, as fotos que não se retocam ou as pinturas às quais uma moldura não faz falta. Quando algo é assim perfeito é intocável e há que ter a humildade de saber que há coisas que não conseguimos melhorar.

-A música é sempre melhorável. Há demasiadas versões para se achar que alguma vez se chega à plenitude.

-As pessoas querem ser ouvidas mas não estão habituadas a o serem e acham estranho quando estamos em silêncio demasiado tempo a ouvi-las.

-Há sempre alguém que faz algo naturalmente muito melhor que nós com treino e esforço.

-Pode até haver mais do que um grande amor da nossa vida, mas não simultaneamente.

-Tragam sempre uma caneta convosco.

-É preciso aprender quando gritar, falar, sussurrar. Há palavras que só se usam num destes modos, outras podem-se usar em todos.

-Sussurrar não tem de ser ao ouvido, pode ser olhos nos olhos, àquela distância em que os olhos parece que se fundem num só. Pode ser só em leitura de lábios.

-Há sempre espaço para a doçura, para a vulnerabilidade, para o carinho. E quando o alvo da nossa afeição nos desvaloriza outras paragens existirão onde as novidades serão mais bem vindas.

-Os dias e seus acontecimentos são como um puzzle colocado numa mesa vibratória. Dando suficiente tempo, eventualmente, as peças cairão todas no sítio devido.

-Os sentimentos que temos pelas pessoas que nos identificam são as peças do canto sem as quais não se descobria o nosso núcleo.

-"Só se pode ser salvo pelo amor".