13 de novembro de 2011

Apontar

Aponto, sem que digas que é feio, as coisas que me fazem amar-te desde aquele encontro atabalhoado em que a meio troquei o teu nome por um que nem sequer era o de ninguém que eu conheço mas que te deixou desconfiada. O rádio tocava todas aquelas músicas fora de propósito e até o carro teve de fazer uma das suas, que eu já sabia existirem à data da compra, deixando-nos apeados no meio da estrada mais molhada da cidade que me era mais desconhecida.
Tentando fazer o possível com a situação que se desenrolava tu começaste a falar comigo enquanto olhava atónito para o interior do capot do carro, à espera que alguma peça assobiasse ou sangrasse como nos filmes. Um fuminho pelo menos que me dissesse o que se passava.
Eu tinha de te levar a casa embora não te quisesse levar a casa. Conhecia-te há umas horinhas mas já queria mais, ou melhor, ainda queria mais. Farto-me tanto das pessoas, das mulheres da minha era, que às vezes julgo não vir a dar netos à família e fica tudo dependente do ventre da minha irmã. O resto da vida romarias a casa dela e todos os olhos a fitarem o incapaz, eu, que nunca foi suficiente para encantar alguém.
Em ti nenhuma impaciência, sugeres caminharmos e chegar a qualquer lado, pedir ajuda. Ou simplesmente caminharmos e sorrirmos porque estamos juntos pela primeira vez e tudo o que havia para correr mal já tinha acontecido e agora só podia melhorar.
Lá. Eu, tu, umas caricias de chuva e duas mão enlaçadas. Nunca antes amei alguém sem os lábios se tocarem.
Aqui. Eu, tu e meia torrada com pouca manteiga a não encontrar o que me fez, faz e fará amar-te. Não tenho nada a apontar.
Aponto esse facto e sigo em frente. Para coisas feias já chegam os meus dedos.