12 de junho de 2011

Rh sempre positivo

Quando vais levas sempre uma parte de mim. Não sei se é um coração ou um pulmão, o estômago ou o fígado. Sei sim que há por aqui umas saudades a sangrar. Eu a escorrer todo eu por todo o lado. Quero sorrir e os lábios não se abrem, quero dormir e os lençois ensopados de sangue não me deixam descansar.
Poderá um dia ser o nosso último e nós calmamente a ver os olhos a perder de vista. Poderá.
Mas não será hoje.

5 de junho de 2011

Quantos ciclones queres?

Ando cansado do Verão. Ando cansado da ausência de vento e da consequente ausência do movimento dos teus caracois. Tens aquele tipo de cabelo grosso e pesado, áspero. Vai muito bem com casacos e cachecois e ventos glaciares. No Verão cai e seca, fica ali inútil e quando se lhe toca parece olear-se e alhear-se.
Estou cansado da falta de dinamismo dos teus movimentos. Parece que toda a tua cabeça tem gravidade a mais como quando choras e as tuas lágrimas fazem o mesmo barulho que a chuva no chão. O teu cabelo é puxado para a terra como se fosse o polo positivo de uma matéria magnética que necessita do seu oposto e no entanto, de tão simultaneamente negativos, os nossos braços repelem-se.
Nunca aprendi a medir a tensão e a corrente. Nunca entendi como usando um fio de terra se melhorava a segurança dos sistemas eléctricos. Sou um tipo dos audiovisuais digitais. Se pudesse apontava-te uma daquelas ventoinhas do cinema e fazia com que os teus cabelos se excentrificassem como a saia da Marylin criando para sempre uma imagem icónica de ti.
Entretanto ainda agora começou Junho e, meu amor, podia vir um tornado para que daquela confluência de ar frio e ar quente surgissem energias antagónicas que nos unissem num abraço relampejante.