4 de maio de 2014

Bom dia, Joana

Encontraste-me feliz Joana, mesmo feliz, não um sorriso de reacção a adversidades ou de desafio mas um sorriso largo e franco. É justo que assim seja, tem dado trabalho fabricar esta felicidade, muscular esta massa flácida de emoções com que nasci, domar estas paixões que tanto me perigam e me fazem embater de frente nos outros.
Chegaste neste dia de felicidade no qual acordei numa cama que não é a minha, com um coração entre as mãos que nem é o meu, e o sorriso que amo a dizer
-Bom dia
com a voz da surpresa alegre de quem sente o privilégio de ser heliocêntrico para alguém. Esse orgulho de se ser único no mundo logo ali desde a manhã. Escolheste mal o dia Joana, aparecerias há três meses atrás e o meu sorriso era só teu, a minha felicidade era tua responsabilidade. Eu seria toda a tua obra.
Assim segues o teu Domingo, levas contigo esses olhos a condizer com a blusa, na cor e limpidez. Agradeço a simplicidade da tua leveza e do presente que deixaste, vou guardá-lo para usar num dia no qual seja dificil sorrir. Quebrar em caso de emergência o invólucro de tão grande carinho como é o teu. Confia em mim Joana, o que cá deixaste vai ser útil um destes dias.
Mas não hoje. Hoje estou feliz e nem tu, com essas constelações no cabelo inquieto e esse toque de dedos primaveris, me consegues fazer sorrir mais.
O pouco que ficou cá de ti, guardo cá dentro ainda assim. Fica a amadurecer  e se regressares vais-me encontrar sorridente no reconhecimento de saber quem tu és e a dizer
-Bom dia
com o carinho de quem te poderia amar noutro continente, noutra década.