10 de novembro de 2013

Fulminante

Atrasei-me meu amor, não é hábito meu, tu sabes, mas atrasei-me. Estava para colocar em palavras esta coisa nossa, este segredo, mas atrasei-me. Culpo a surpresa do teu surgimento, o imediatismo do nosso amor e a facilidade com que o abraço se enlaça por este meu atraso. A culpa é pouco minha como vês.
Talvez chegue tarde e quando o souberes já não tenha importância mas, neste dia que já chega além do esperado e merecido, eu amo-te. Tento escrever em letras mais pequenas para leres num dulcíssimo sussurro como quando naquelas ocasiões nuas de paixão me remeto à delicadeza dos teus ouvidos para lá te depositar o verbo amar enquanto te amo de corpo inteiro. Outras vezes tenho o meu amor no jantar que te preparo ou nas caricias que ao final do dia te acalmam os pés. A maioria daz vezes o amor que te tenho é uma coisa só minha, que vive cá dentro à prova de Outonos.
Havia uma cidade vazia antes de chegares, havia mar sem peixes e ar sem aves. Antes de ti, mal consigo recordar agora o que me fazia falta e o que procurava por aí nas coisas que ainda faço e que me fazem sorrir por poder partilhá-las contigo. Já há o antes e o depois da nossa invenção, das nossas aventuras, quem planta um sorriso tem o privilégio de poder vir cá colher os frutos e, meu amor, como podes já encher cestas e camiões com tanta alegria em flor.
Ainda assim, se chegar tarde, não tem mal. Nada se deve a quem nos ama, e se a despedida chegar, abrupta como o final de um dia, nada mais interessa do que agradecer o tempo que partilhado se fez nosso e num abraço, sem qualquer vergonha, ali à porta dos teus ouvidos, sussurrar na letra mais pequena do mundo
-Amo-te.

Sem comentários:

Enviar um comentário