17 de junho de 2012

Vandalismo

Quando nos assaltam a casa a primeira coisa em que pensamos é: "Será que eles já saíram?" Há aquele susto, aquele medo de nos fecharmos naquele espaço com alguém corajoso o suficiente para nos roubar.
Quando me apaixono também é assim. Não me sinto roubado mas há ali um medo que a pessoa já esteja cá dentro, escondida num armário ou numa gaveta e aí eu penso: "Será que ela já entrou?" cheio de medo que me possa fazer mal.
Na realidade mais vezes fui assaltado do que me vi apaixonado, vivo num local perigoso onde as mulheres não me interessam. Os perigos que me rodeiam não são causados por essas vândalas do coração. Ainda assim, mantenho umas trancas a fechar o peito porque já o vi roubado e os provérbios estão cá para nos proteger.
Um dia deixo de me preocupar e as portas e as janelas ficam abertas, mantenho os meus haveres à vista para que me assaltem, sem medos. No dia em que perceber que o que tenho para oferecer é tão pouco deixo de ter medo de o não ter ou de o desbaratar e permito que entrem sem me preocupar se ficam ou saem. Um dia vou perceber que quem entra deixa sempre mais do que leva, nem que o que fica seja residual como um cabelo ou uma impressão digital. 
Um dia ao perguntar ao vazio
-Está aí alguém
vou receber uma resposta positiva e em vez de medo vou ter orgulho de alguém ter pensado que eu tinha algo de valioso para roubar.

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