7 de outubro de 2012

Saltemos

Confia nos meus joelhos pequena, sei que os conheces bem, sabes quantas vezes eles fraquejaram, sabes inclusive das vezes que eles fraquejaram por outras razões além de ti mas, vá, confia em mim e nos meus joelhos. Saltemos. O salto que eu proponho não dura distância ou altura mas sim tempo. Três meses desde a largada à chegada.
Sei que o tempo prejudica o corpo, estamos ambos naquele pico que antecede a descida, no zénite da saúde e alegria, como numa montanha. Estamos no local das nossas vidas do qual melhor se vê o sol de dia e as constelações à noite.
Quando o Outono chegou a nós, amarelecemos como se espera do estado outonal de estar. Livramo-nos das folhas caducas, do peso morto excessivo, da carga putrefacta e que não nos permitia saltar. Ficaram as poucas e boas folhas perenes, deixemo-las ficar pois só nos fortalecem, fazem-nos mais altos e com elas às costas, na ponta dos dedos, saltemos.
Sinto o Outono terminar e saltemos.
No salto passarão três meses e aterraremos seguros e sorridentes na Primavera. O Inverno? Deixa de existir. Este ano vai com as aves que dele fogem e em nós, por dentro de nós, rebentarão flores como no poema.
Saltemos o Inverno. Confia em mim e nos meus joelhos. Quando chegarmos ao lado de lá, porque isto vai ser possível, pode até chover e haver frio, pouco interessará. Cá dentro de nós seremos relvados floridos e jamais alguma nova tristeza nos poderá alagar.

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