11 de novembro de 2012

Perdão

É tudo uma questão de perdão. Há coisas que perdoamos a algumas pessoas que noutras se torna impossível de tolerar. É assim a generosidade. Vi nos últimos dias, ao ser torpe com todas as outras pessoas, como sou generoso contigo. São as falhas comuns que, em ti, fundamentam a metafísica do ser do nosso amor. E isso só te perdoo a ti.
Não me lembro de alguma vez ter criticado a forma criativa como acentuas as frases. Podia ter-te expatriado cá de casa à primeira vez que trocaste a música a uma qualquer palavra. Mesmo uma das mais simples como bonito, chocolate ou livro tinham, ali logo à saída da tua boca um sabor e uma forma amendoada de partir.
Há coisa de dois anos, quem quero eu enganar, há precisamente dois anos, despediste-te prometendo
-Vou procurar a minha felicidade
e eu a olhar para ti sem nada para dizer, não havia forma de alguma vez essa tua busca te trazer de volta. Se a encontrasses, à felicidade, por aí ficavas pelo sítio onde ela estivesse se acaso ela não se cruzasse contigo andarias sempre a procurar. Em todo o lado menos aqui.
Mas perdoo-te. 
Tenho duas garrafas de vinho. Uma de cada, um tinto alentejano e um branco do Douro. No frigorífico tenho duas refeições, uma de cada. Carne e peixe. Nada me falta. Não se pode guardar a felicidade num frigorífico à espera que ela não se estrague e muito menos se consegue evitar que ela fuja se a engarrafarmos. A felicidade cria depósito se não for agitada, estraga-se. Perdoo-te então a ti teres ido à procura de algo que raramente perdoo a alguém pensar que encontrou por cá, comigo.
E se por acaso tu me perdoares e voltares, lembrar-me-ei das palavras da sempre-preferida Mitó, pois é mesmo muito provável que te volte a amar mas, espero que nesse dia, seja tarde demais.

Sem comentários:

Enviar um comentário