12 de julho de 2009

A Sílvia, a Diana e a Cláudia

São três mulheres da minha vida e, embora tenha conhecido duas Dianas, uma Sílvia e uma Cláudia, as do título nem sei quem são.
A Sílvia morava perto do centro de saúde mais próximo de minha casa e era familiar de um tipo que tinha um armazém lá perto. A Diana passa todos os dias perto de uma rua de acesso ao centro comercial Parque Nascente. A Cláudia apanhava algumas vezes camionetas e sabia o que Je t'aime quer dizer. Estas três senhoras morreram recentemente.
Não sei se já morreram efectivamente mas, para mim, morreram porque já não estão no pedaço de parede ou chão que as imortalizava. A inscrição "Cláudia Je T'aime" foi pintada por cima quando se fizeram as obras na garagem onde chegam as camionetas vindas de e idas para Lisboa. A inscrição "Diana Adoro-te!" foi obliterada pela passagem dos camiões das obras que rasgarão a linha de metro para Gondomar.
A Sílvia, a mais antiga destas mulheres, vivia numa parede verde em letras amarelas colocadas mesmo por cima da entrada da garagem dos tais armazéns. Encontrou o seu fim depois da venda do edifício a alguém que julga que uma fachada canelada de alumínio é mais bonita que um nome de mulher.
Imagino se quem as matou tentou descobrir quem elas eram para lhes pedir desculpa pela profanação da homenagem e do nome ou se fez como um cirurgião que errou num corte de bisturi e passou o pelouro das desculpas para uma enfermeira imigrante de quem nem sequer sabe o nome.
Que lhe dê o nome de Sílvia, Diana ou Cláudia mesmo que ela discuta que no país dela não existem esses nomes e ao menos que durma por lhes ter dado uma cara.

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