25 de março de 2012

A minha casa

Podias nem ter telhado ou paredes onde o assentar, podias não ter soalho que não ilustrasse as paredes nem tapasse as fundações. Tu podias não conseguir tapar as tuas fundações e canalizações, podias ter os fios eléctricos, os cabos de comunicações e até as perigosas condutas do gás completamente à mostra. Podias ser assim e no entanto serias mais estrutura e casa para mim do que todas aquelas que me oferecem sólidas moradias com garagem e jardim frontal.
Por isso haverá sempre uma estrada, ainda que mal alumiada, que leva à tua porta mesmo quando a tua frágil caixilharia não suporta uma porta. Serás sempre a minha casa e eu caminharei até ti, na pequena esperança secreta de um dia poder levar um camião cheio de materiais e ferramentas para te construir (de dentro para fora ou de fora para dentro, pouco importa) e te colocar um numero de porta e uma residência oficial, onde receber contas e cartas de amigos a viajar fosse o nosso hábito.
Tenho por ti a fé que se tem numa casa de aldeia por saber que embora não te habite diariamente preciso de ti para que a minha identidade não se perca e eu tenha sempre um local, uma pessoa, tu, que seja testemunha de quem eu sou.

Sem comentários:

Enviar um comentário