27 de setembro de 2009

Olá

Num mundo perfeito (pasmam-me as vezes que começo frases assim) eramos todos familiares ou amigos. Entravamos num café e sentavamos-nos numa mesa a tomar um copo com uma total estranha que, neste mundo perfeito, não era estranha durante muito mais tempo. Ficavamos ali a ouvir as coisas aborrecidas que a tornam uma pessoa interessant. As doenças do pai e da mãe, os amores e desamores, o que faz para ganhar a vida. Se gosta do que faz...
Nesse mundo perfeito um homem poderia ser simpático para uma mulher. Poderia também abordá-la na rua e dizer
- Que belo cabelo tu tens.
sem que a tal moça do belo cabelo achasse que eramos uns pervertidos que na realidade estavamos a elogiar-lhe as mamas. No tal mundo, os autocarros eram reuniões de familia onde todas as pessoas ouviam e falavam como se se conhecessem há anos.
Nesse mundo, em vez de te sentares lá ao fundo do comboio com os teus phones a debitar metal como um repelente de insectos anti-conversa esperavas-me com um sorriso e contavas-me o que ias fazer e o que tinhas feito para continuares a ser a pessoa mais incrivel que conheço. E lá ficaria eu fascinado e apaixonado e ficavamos, talvez, felizes para sempre.
Mas em vez disso vivemos neste mundo fechado em que todos caminhamos como hamsters dentro de uma bola de plástico translúcido. Podemos ver outras pessoas, podemos deseja-las mas estamos proibidos de comunicar e tocar nessas pessoas que têm a sua própria bola protectora.
Num mundo perfeito (cá está, mais uma frase começada assim) todos nos tratavamos por tu e eu já te tinha dito
- Que bela pele tu tens
sem que tu estranhasses a ousadia e interpretasses erradamente o meu fascínio.

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